Nossa relação com o streaming pode moldar nossa personalidade?

Já é de conhecimento geral que os algoritmos das ferramentas tecnológicas do nosso dia-a-dia tendem a nos prender em bolhas de informação e conteúdo


Quem não gosta de um Netflix? Ter acesso a um catálogo variado por um preço fixo, sem ter sequer o trabalho de levantar do sofá para colocar um disco num aparelho de DVD... O streaming traz ao nosso cotidiano um conceito inimaginável vinte anos atrás e altera completamente nossa perspectiva enquanto consumidores de conteúdo. Contudo, ao modificar a forma como assistimos televisão, este mecanismo nos prende cada vez mais a ele e às suas próprias concepções do que queremos consumir.


Já é de conhecimento geral que os algoritmos das ferramentas tecnológicas do nosso dia-a-dia tendem a nos prender em bolhas de informação e conteúdo: Assistimos a um filme ou curtimos uma postagem, o aplicativo registra tal informação, recomenda produtos similares que também acabamos consumindo, e assim sucessivamente. Tal ferramenta, desenhada pra nos transformar em usuários sempre satisfeitos, nos afasta de descobertas, explorações por gêneros musicais ou cinematográficos e mesmo de opiniões contrárias em diversos assuntos.


Entretanto, é necessário destacar que isso não transforma automaticamente estas ferramentas em vilãs. A ideia de que um aplicativo é capaz de ler os seus gostos e te direcionar pra conteúdos que podem te agradar é positiva quando se pensa em otimizar o tempo cada vez mais curto do dia que destinamos ao lazer e ao descanso. A tecnologia nunca é o inimigo a ser combatido, mas sim um recurso que deve ser utilizado de forma inteligente e produtiva, mesmo nos momentos em que tem função de entretenimento.


Há uma série de bons hábitos que devem ser estimulados quando destrinchamos nossa relação com veículos de streaming (e mesmo redes sociais), além, é claro, de respeitar um certo período offline. Furar manualmente o bloqueio da bolha de conteúdo é o principal deles: vez ou outra, se estiver entediado, porque não assistir a um filme que você nunca assistiria num dia normal? Porque não ouvir uma música de um gênero diferente do habitual? Porque não manter aquela pessoa que pensa diferente de você dentro do seu feed no Facebook, só para entender do que ela está falando?


Embora o conforto da bolha de conteúdo (ou de opinião) seja agradável, viver permanentemente neste mundo modifica a forma como enxergamos o diferente. O contraditório, mesmo que seja em um simples filme no domingo à tarde, é o que molda nossa personalidade e nossa capacidade de crescer, compreender e melhorar o mundo à nossa volta.

 

Luiz Leão é bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Uberlândia. É também músico, empreendedor e aficionado por novas tecnologias. É diretor da codeBuddy Escola de Tecnologia em Rio Verde, voltada para o ensino de programação para crianças e adolescentes.

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