Sou taxista, no asfalto eu sou artista

O jornalista Fábio Trancolin conta um pouco da história de Rio Verde em crônicas


Na história o hábito de transportar pessoas surge com o aparecimento do riquexó, — carro de duas rodas puxado por um só homem. Existia, porém pouco utilizado pela população nas principais cidades da antiguidade, mas era exclusivo das elites, que possuíam escravos para puxar esses carros. O táxi propriamente dito apareceu historicamente quando foram aplicadas taxas à sua utilização através de taxímetros.

Na Alemanha, mais precisamente na cidade de Stuttgart, no final do século XIX, apareceram os primeiros táxis motorizados. Em 1897, Freidrich Greiner abriu uma empresa com os seus carros, utilizando um sistema inovador de cobrança — o taxímetro. Antes da Primeira Guerra Mundial, todas as grandes cidades europeias e americanas tinham serviço de táxis legais e pintados com esquemas de cores diferentes.

O cinema imortalizou os táxis amarelos de Nova York, é show ver os “fusquinhas” verde e branco nas grandes avenidas da Cidade do México. Nas ruas de Nova Deli, os auto-rickshaws (tuk-tuks), e, em Londres, os charmosos icônicos Black Cabs. Em São Paulo, a frota dos carros brancos ultrapassa 33 mil carros. Em pequenas cidades, não é necessário a cor padronizada e o uso de taxímetro, o valor é tabelado, é cobrado pela corrida.

Fiz esse pequeno resumo de como surgiu o táxi, para contar a história de um taxista, que podemos dizer que é patrimônio cultural da cidade, o “Adejair do táxi”. Ele está na profissão há quase 40 anos e, durante esse período, sempre na Avenida Presidente Vargas, tudo começou em 1976 no ponto de Táxi São Jorge, em frente à sorveteria do Senhor Aildo, com o Opala 73 vermelho ou bordô, vinho ou seja, a cor que for, virou amor, virou paixão, apaixonou e em profissão se transformou. 

Em 1977, ele adquiriu um Corcel preto que era do Senhor Atef (Dono da Casa Flor do Líbano), ele disse que atravessou a avenida e perguntou “Prima quer vender carro?”, no que o libanês respondeu “pra você prima vende”. E o negócio foi fechado. Em 1983, ele adquiriu o primeiro carro zero Km, foi um Gol branco, ele comprou na Distribuidora Sudoeste que naquela época era na Rua Abel Pereira de Castro. No mesmo ponto, há quase 30 anos, ele é figura referência na avenida, não tem quem não conheça o “Adejair do táxi”. Na cidade, têm aproximadamente 100 taxistas, ele é um dos mais antigos, o Dirceu que faz ponto na rodoviária é o mais antigo.

Ele tem história, tem muito que contar, a vida nele não se resume em um capítulo ou numa crônica, daria um livro. Ele já viu, e ouviu coisas, mas nas palavras dele: “Taxista não ouve, apenas observa”. “Sou taxista, tô na rua, tô na pista, não tô no palco, mas no asfalto, eu sou artista”. E, em quase 40 anos de profissão, apenas uma vez ele foi roubado, em uma corrida que ele fez para cidade de Bom Jardim.

E outro tema que faz dele diferenciado, e o fato de ser um amputado, nosso personagem perdeu o braço direito em 83 (E para ser mais exato, no dia 15 de março 1983). Ele disse: “Iris Rezende chegava ao governo do Estado, no mesmo dia eu perdia o meu braço... “ E para quem pensou que ali terminaria a história profissional se enganou, pois até hoje ele lá está no ponto, sempre a espera de um passageiro, com a gentileza e educação que encantam a todos que utilizam os teus serviços. Nada afetou a sua acessibilidade. É muito agradável sempre que possível parar e conversar com o meu amigo, sim, ele é meu amigo. 

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