Crônica: Robôs

Crônica especial para o Rio Verde Agora


Sempre acordo nos mesmos horários, na mesma cama, com a mesma roupa. Já me disseram que eu sou previsível.

Sempre sento na mesma mesa, como em um mesmo prato, como o mesmo pão e o mesmo café. Já me disseram que eu sou econômico.

Sempre vou trabalhar no mesmo ônibus, sento em um mesmo acento, me encontro com as mesmas pessoas e faço as mesmas coisas. Já me disseram que eu sou monótono.

Sempre chego à mesma casa, assisto à mesma televisão com os mesmos programas. Já me disseram que sou chato.

Sempre vou dormir no mesmo horário, com a mesma cama, com a mesma roupa. Já me disseram que sou sujo.

Sempre vou às mesmas festas que todo mundo vai, escuto as mesmas músicas e danço do mesmo jeito. Já me disseram que eu sou manipulado.

Às vezes ajudo as pessoas, às vezes faço algo de bom. Já me disseram que eu sou egoísta.

Às vezes eu sorrio, às vezes eu tenho paz no coração, às vezes sinto amor. Já me disseram que eu sou frio.

Entre o que sempre faço e o que eu faço às vezes, as pessoas me dizem que às vezes eu pareço um robô. Talvez elas tenham razão.

Por Náira Penteado
Especial para o Rio Verde Agora

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