Chavaglia vê cenário econômico com otimismo

Entrevista foi dada ao Informativo Comigo


Depois de oscilações de mercado, com altas e baixas dos preços das commodities agrícolas, o setor projeta otimismo. O presidente Antônio Chavaglia comenta como foi 2010 e destaca as perspectivas para 2011, ressaltando as expectativas em relação ao novo governo federal e a importância dos dez anos da TECNOSHOW COMIGO nesta entrevista ao Informativo Comigo:

Qual o balanço que o Sr. faz do ano de 2010?
Não foi excepcional para o produtor. Entretanto, no caso da soja, a safra se iniciou com o preço baixo, mas melhorou no segundo semestre. Aquele sojicultor que ainda tinha grãos para serem comercializados, aproveitou. Já o milho foi um desastre. O governo não cobriu o preço mínimo e tivemos sacas sendo vendidas entre R$ 12 e R$ 13, o que não remunera o produtor, pois os custos de produção são maiores. Tivemos momentos de alta nos preços dos insumos, o que também dificultou um pouco o trabalho no campo.

E para 2011, quais as perspectivas?
Entramos o ano com boas expectativas, pois com a alteração dos preços desde agosto de 2010 o cenário se tornou mais positivo. Isso deve dar mais liquidez para o produtor.

Os preços das commodities para 2011 acenam ser melhores. Nesse aspecto, o Sr. acredita que será um ano bom para as cooperativas exportarem?

Muitos países têm aumentado o consumo de algumas commodities, como a China, por exemplo, que sempre foi grande compradora e consumidora de soja. Fatos assim estão contribuindo para uma redução dos estoques mundiais, o que influencia a reação dos preços. Quebras de safra, como na Rússia e outros países, seca ou enchentes também influenciaram na redução dos estoques e fortalecimento dos preços. Assim sendo, com a redução destes estoques, o mundo vai precisar de mais alimentos e será preciso produzir mais para atender a demanda. Com todos esses fatores, acredito que o cenário será bom para se produzir bem e creio que teremos preços atrativos. Mas é preciso estar atento quanto aos custos de insumos, transporte dos grãos até o porto e a política cambial, o que, neste caso, sempre é um problema para exportar no Brasil. Esses fatores contribuem para tirar a renda do setor. Então, dicas importantes são buscar boas produtividades e estar atento ao clima e aos custos de produção.

O Sr. acredita em alguma reviravolta que pode afetar os preços?
Acredito que esses preços podem decrescer somente se tivermos crises mundiais. Porém, a notícia que temos é que a economia da Europa e EUA, por exemplo, já está reagindo. Assim sendo, volta-se a ter uma estabilidade de consumo melhor em todos os aspectos. Esperamos realmente que não ocorra nenhum desastre, guerra ou algo parecido. Se isso não acontecer, vemos um bom crescimento e uma maior sustentabilidade da agricultura. Até porque um dos únicos países que tem condições de crescer e ampliar sua área plantada é o Brasil. Temos tudo para continuarmos crescendo, mas se as políticas governamentais não mudarem em relação às questões de exportação e redução de impostos, fica difícil. Mas, no geral, acredito que de agora em diante o produtor tem boas perspectivas de uma renda melhor.

O Sr. acredita que outros países, além da China, aumentará o consumo de produtos para que consigamos exportar mais?
A China não tem como expandir mais sua área agrícola. Então, ela tem que importar cada vez mais soja, milho e até carne para atender a demanda de sua população, que hoje tem um maior poder aquisitivo. A perspectiva é de que os países produtores aumentem sua produção para atender também a demanda de outros países, pois os estoques mundiais estão baixos e isso tem que ser reposto.

Quais são as expectativas quanto ao novo governo?
Quanto ao novo governo, espera-se que não faça nada inadequado. Temos uma grande expectativa com a ferrovia Norte-Sul, que vai integrar os portos de Santos e Paranaguá. Neste caso, teremos um equilíbrio maior quanto ao frete, pois quando não tem demanda, o preço do frete é baixo, entretanto, quando tem mais demanda, passa a ser muito alto, o que acaba afetando a renda do produtor. Então, é preciso implementar o mais rápido possível essa ferrovia para nos auxiliar. Além disso, é necessário melhorar a malha viária das rodovias em benefício do setor. Estimular também a aquisição de novos equipamentos para que o produtor consiga ampliar a tecnologia de plantio, monitoramento da lavoura e colheita é outra política importante. Para isso, ele necessita de máquinas e implementos adequados. Então, seria conveniente ampliar as condições e melhorar os financiamentos. Muitos produtores não têm acesso a tecnologias.

Além disso, como o ministro poderia aproveitar esse bom momento da agricultura para estimular ainda mais o setor?
Avançar em novas áreas subutilizadas para ampliar o plantio. Temos áreas de pastagens degradadas e seria muito bom dar condições para que o produtor pudesse explorá-las. Para isso, há que se fazer investimentos em calcário e fosfato para que as áreas se tornem produtivas com custos baixos. Em Goiás, sabemos que existem áreas excelentes a serem exploradas e assim é em todo o país.

A COMIGO está investindo muito em novos armazéns. Existem perspectivas de novos investimentos?
Sim, a Cooperativa sabe da necessidade de continuar ampliando sua prestação de serviços aos associados. Estamos terminando o armazém de Montividiu e instalando três silos na Ponte de Pedra. Sempre que verificarmos necessidade, vamos continuar investindo.

Qual o balanço que o Sr. faz destes dez anos de TECNOSHOW COMIGO?
Do ponto de vista da Cooperativa, a TECNOSHOW COMIGO foi e é necessária, pois traz o que há de mais novo em geração e difusão de tecnologias, demonstração de máquinas e implementos e novidades ao produtor rural do Centro-Oeste. Nós criamos diferenciais de informação e lançamento de produtos. Nestes dez anos, trouxemos tudo o que há de melhor no ramo ao homem do campo. Percebemos o interesse das empresas em expor várias novidades a quem visita a Feira. Quero ressaltar a importância da parceria e da participação da Embrapa e de outras instituições de pesquisa e ensino, que tem especialistas para dar todo o respaldo ao produtor em termos de novas tecnologias. Todos os nossos parceiros, como instituições financeiras, por exemplo, também enaltecem muito o evento. Começamos de forma humilde, com poucos expositores, e hoje nossa Feira já está com 400 expositores de todo o país e é uma das mais renomadas do Brasil, o que muito orgulha a região e os cooperados.

E quais são as expectativas para o evento de 2011?

Estamos muito otimistas porque todos os expositores do ano passado já confirmaram presença e novas áreas estão sendo comercializadas a cada dia. A TECNOSHOW COMIGO é uma grande realidade que o produtor já agenda para abril, com muito prazer. Várias palestras já estão programadas e trarão muitas informações do mercado local e internacional. Estamos aumentando a área de exposição de máquinas e implementos, a loja da COMIGO terá uma área em alvenaria para receber o cooperado. Estamos melhorando ainda mais a infraestrutura, com a construção de mais um sanitário, pavimentação de ruas, ampliação da capacidade de armazenamento e fornecimento de água, o outro restaurante está recebendo piso e cobertura em alvenaria. Tudo isso, para oferecer boa comodidade para expositores e visitantes. A cada ano temos que evoluir e é o que estamos fazendo.

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