South Park leva irreverência a games

'South Park: The Stick of Truth' traz humor ácido e muitos palavrões. Jogo para X360, PS3 e PC traz o mesmo visual do seriado.


O seriado "South Park" inspirou vários games ao longo dos anos, mas nunca um jogo conseguiu trazer a essência do programa e de seus personagens com humor ácido. Com a intenção de permitir que os gamers jogassem a um episódio de verdade, os criadores Matt Stone e Trey Parker escreveram um roteiro engraçado e cheio do preconceito já conhecido pelos fãs e deram vida a "South Park: The Stick of Truth", um jogo de RPG com a turma de Cartman, Stan, Kyle e Kenny.

Depois de ter diversos atrasos no desenvolvimento e mudar de produtora, o título será lançado pela Ubisoft para Xbox 360, PlayStation 3 e PCs em 4 de março em formato digital e, duas semanas depois, em disco. No Brasil, ele chega com legendas em português que trazem muitos palavrões – do mesmo modo que "GTA V" – o que garante a diversão para os fãs da série. Além de referências a episódios, há também piadas sobre games e seus gêneros.

A história mostra uma brincadeira entre as crianças sobre um "Cajado da Verdade" (tradução de "Stick of Truth") que permite ao indivíduo que o possui controlar o universo. Vestidos como cavaleiros medievais, magos, ladrões e princesas, elas perambulam pela cidade realizando pequenas missões e lutando na batalha entre humanos, onde estão os personagens principais e o jogador, contra os elfos.
O visual é exatamente igual ao do seriado, com os personagens parecendo as colagens de papel, o que se reflete inclusive nas texturas do cenário. Isso já é um ponto positivo para se jogar o título.

Mas estamos falando de um game. Em determinado momento da aventura, Cartman explica como funciona as batalhas dessa brincadeira que, para quem está com o controle na mão, é um RPG: "cada um espera a sua vez de atacar, é como se fosse um RPG 'old school'".

História engraçada
O game começa com o jogador, uma criança com a mesma idade dos personagens, chegando para morar em South Park com os pais. O menino é calado, não abre a boca em nenhum momento, fazendo sátira de jogos como "Fallout" e "The Elder Scrolls", onde os protagonistas não falam durante os diálogos. Sem contar qual é o problema que obrigou a família a se mudar para a cidade – há um mistério em torno das origens do personagem – os pais obrigam o filho a brincar na rua e a fazer amizades.

Saindo pela rua logo aparece Butters lutando contra uma criança que faz parte dos elfos. Sem saber do que se trata, o jogador o ajuda "trapaceando" na brincadeira. Butters o leva para Cartman, que por sua vez o convoca a ajudar a proteger o "Cajado da Verdade" que dá nome ao game.

Logo, a exploração do mundo, que envolve entrar em casas e estabelecimentos atrás de itens, convocar outros personagens para ajudar na "batalha" e disputar os confrontos em turnos, é ensinada ao gamer.

Há também bastante do humor negro característico de "South Park". O jogador pode escolher entre as classes "Fighter" (guerreiro), "Mage" (mago), "Thief" (ladrão) e "Jew" (judeu). Ao escolher esta opção, o personagem ganha um quipá, uma capa azul e branca, um "cajado judeu" como arma e a habilidade especial "o estilingue de Davi". O ataque consiste em colocar uma pedra dentro de uma meia e lançá-la contra o adversário. Ainda, ao escolher a classe "judeu", Cartman avisa: "depois dessa escolha jamais poderemos ser amigos". O personagem faz piadas sobre a religião nos episódios da série.

Os itens são inusitados e baratos – afinal, as crianças não têm muito dinheiro. A espada do guerreiro é de papelão e o cajado do judeu é um pedaço de madeira e o item sonhado, o "Cajado da Verdade", é um galho de árvore. A "poção" que recupera vida pode ser um salgadinho ou um doce que o personagem come durante a batalha e habilidades, que dependem da classe escolhida e envolvem até golpes flatulentos no rosto do adversário.

Acessórios permitem mudar as roupas do jogador e alguns deles melhoram habilidades. É possível colocar bandanas na cabeça, usar barba e bigode e até acessórios que lembram parte da genitália masculina e ficam pendurados no queixo do pequeno herói.
Estes itens custam entre US$ 1 e US$ 12 – assim como em outros RPGs, o dinheiro é coletado ao explorar cenários ou ao derrotar inimigos – o que cabe no orçamento dos guris. Há itens que não custam nada, como a "badalhoca": ao entrar em um banheiro e participar de um pequeno minigame, o jogador pode fazer cocô e usá-lo nas batalhas. Ao jogar contra um adversário, ele fica com nojo, vomita e se enfraquece.

Batalhas e exploração
Por ser um RPG de turnos, há tempo para escolher qual estratégia adotar contra o adversário. Há os ataques normais, que usam armas, as habilidades especiais e um arco-e-flecha que atinge adversários à distância. Nos ataques, é necessário pressionar botões no momento exato para dar investidas mais poderosas e que causam mais dano. Também é necessário se defender, pressionando o botão no momento certo. É necessário pensar em táticas para conseguir sair vitorioso dos confrontos.

Com a cidade de South Park para explorar, o jogador poderá entrar nas casas dos personagens e pegar dinheiro e outros itens – como vibradores da mãe de Cartman – acessar garagens, cinemas, clínica de cirurgia plástica (e comprar o nariz do ator David Hasselhoff) e até a escola. Para avançar rapidamente, Timmy oferece um serviço de viagem rápida em determinados pontos da cidade.

Conseguir mais amigos também ajuda na evolução do herói. Eles podem ser pais dos meninos ou as próprias crianças, e ter um determinado número dá novas habilidades especiais. Isso obriga o jogador a falar com todos os personagens da cidade, o que se torna uma tarefa maçante já que nem todos que circulam por South Park podem ser amigos. Os adultos, em sua maioria, não estão nem aí para as crianças e ficam sempre digitando em seus celulares – principal motivo para eles não prestarem a atenção no que elas estão fazendo ou vestindo.

Mas há amizades especiais. Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, aparece para dar uma "verdade inconveniente" e oferecer ajuda especial ao herói.

A parte inicial de "South Park: The Stick of Truth" pareceu bem amarrada, com diálogos e objetivos bem construídos e fazendo o game ser um RPG divertido e com momentos para boas risadas. A confusão e o troca-troca de empresas durante o desenvolvimento longo podem não ter causado problemas estruturais no jogo, pelo menos em sua parte inicial. Resta saber como ficou o restante do game para saber se desta vez receberemos um bom game dos garotos boca suja do Colorado.

Para assistir a um gameplay do jogo, clique no ícone “Vídeos”.

G1

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