Vanderlan e Kajuru assumem mandatos em fevereiro de 2019

Empresário e vereador de Goiânia deixam os senadores Wilder Morais e Lúcia Vânia e ex-governador Marconi Perillo de fora


O empresário Vanderlan Cardoso (PP) e o vereador de Goiânia Jorge Kajuru (PRP) são os novos senadores por Goiás. Eleitos ontem às duas vagas goianas no Senado, eles se unem a Luiz Carlos do Carmo (MDB), que assumirá o mandato do senador Ronaldo Caiado (DEM), eleito governador em primeiro turno. Os atuais senadores Wilder Morais (DEM) e Lúcia Vânia (PSB), ficaram em terceiro e quarto lugares, respectivamente. O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) ficou em quinto.

Com 31,35% dos votos válidos, Vanderlan terminou em primeiro, somando 1.729.526 votos; Kajuru foi o escolhido de 1.557.297 eleitores, o que representa 28,23% dos votos válidos. Wilder terminou com 14,44% (796.329 votos); Lúcia teve 9,42% (519.523) e Marconi, 7,55% (416.471).

Em coletiva em seu escritório político, Vanderlan agradeceu a seus apoiadores, sobretudo o presidente do PP, o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, e a seu suplente, o deputado Pedro Chaves (MDB). “Fizemos uma campanha com propostas. Não entramos em polêmica. Esse foi o fator fundamental”, disse.

Questionado se recebeu com surpresa o primeiro lugar, senador eleito afirmou que não porque fez “um trabalho para isso.” “As primeiras pesquisas já apontavam quase empate técnico entre os que estavam mais bem posicionados. Se estávamos junto com quem estava em campanha há muito tempo, mostrava que tínhamos condição de chegar em primeiro lugar.”

Na terceira rodada da pesquisa Serpes/O POPULAR, publicada em 12 de agosto, antes do início da campanha, o pepista aparecia com 10,8% das intenções de voto, atrás de Marconi e Lúcia Vânia. Na última, publicada ontem, liderava a disputa com 16,8%.

“Devia me agradecer”
Ao POPULAR, Kajuru afirmou que Vanderlan deveria agradecer a ele. “Fui eu quem o elegeu, quando denunciei Marconi Perillo”, disse, se referindo à operação Cash Delivery. “Fui eu quem fez a denúncia”, afirmou. Em resposta, Vanderlan relatou que deve “agradecer ao povo goiano.” “Agradeço mais ao povo de Goiás, que me elegeu. Se fosse pelo voto dele, seria só um”, ironizou.

Kajuru ainda se auto titulou o “mito dessa eleição”. “O grande mito dessa eleição sou eu, um simples vereador, cujo poder são as redes sociais. Gastei pouco, enquanto que Vanderlan gastou milhões.” Segundo os últimos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o vereador do PRP gastou R$ 65,6 mil na campanha; o empresário pepista, R$ 1,9 milhão.

Ele diz que “não tinha dúvidas” de que seria eleito e que sua vitória “é uma justiça divina”. “Ninguém sofreu mais do que eu. Fui atacado pelo meu próprio lado. Wilder me atacou por trás”, conta. Os dois dividiram a chapa majoritária encabeçada por Caiado, mas já nem se falavam durante a reta final.

O rompimento ocorreu devido a postagens que circularam nas redes sociais. Do lado de Wilder, por vídeos de Kajuru com críticas a ele; do de Kajuru, por vídeo do bispo da Assembleia de Deus Oídes do Carmo, que apoiou Wilder, dizendo que votar no vereador “era o fim do mundo.”
Em razão disso, Kajuru relatou que será um “senador independente”, isto é, não estará aliado ao novo governador de Goiás. “Caiado é meu irmão. Só que, daqui para frente, serei independente. Fiquei triste com ele, porque assistiu o que Wilder fez contra mim e não fez nada. Fiz campanha sozinho, enquanto ficaram os dois.”

Primeira vez
Com o resultado, os dois candidatos da base do governo ficarão sem mandato pela primeira vez em 20 anos. Lúcia foi eleita deputada federal pela primeira vez em 1986 (foi constituinte), sendo reeleita em 1990, 1994 e 1998 e é senadora desde 2002; se reelegeu em 2010 e seu mandato termina em dezembro. Já Marconi nunca havia perdido nenhuma eleição desde 1990, ainda quando foi eleito deputado estadual.

Em relação ao ex-governador, o resultado já era esperado por cientistas políticos, devido à operação Cash Delivery, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) a nove dias da eleição, e que tem como alvo principal justamente Marconi.

A operação, que é um desdobramento da Lava Jato, apura repasses de cerca de R$ 13 milhões da empreiteira Odebrecht para as campanhas eleitorais do ex-governador em 2010 e 2014. O impacto fez com que o tucano e também Lúcia, com quem dividiu chapa, terminassem atrás de Wilder, que tinha apenas 3,1% das intenções de voto na Serpes.

O crescimento do pepista é atribuído a três fatores fundamentais: Caiado pediu votos para ele diretamente; Wilder foi apoiado por igrejas evangélicas; e “abraçou” a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), já na reta final. Bolsonaro recebeu 57,24% dos votos goianos. (Colaborou Karla Araújo)

O Popular

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