Deputadas acionarão colega Amauri Ribeiro na Justiça por “pouca vergonha” na Alego

Parlamentar afirmou em vídeo que não “há como fiscalizar o Executivo, sendo que a Assembleia é uma verdadeira putaria (sic)”. Discurso foi encarado como ofensivo e deputado poderá ter que defender seu mandato diante da Comissão de Ética


Em entrevista a um portal de notícias na terça-feira (12), o deputado estadual Amauri Ribeiro (PRP), conhecido nacionalmente por tomar posse no cargo público com sua esposa no colo, afirmou que não há como fiscalizar o Executivo “sendo que a minha casa, a Assembleia, é uma verdadeira putaria (sic)”.  Na sede do Legislativo Estadual, funciona, segundo ele, uma “casa de mulheres, de meninas contratadas para ficar à disposição de deputados (sic)”. As declarações feitas em vídeo causaram desconforto, indignação e constrangimento às deputadas Adriana Accorsi (PT) e Lêda Borges (PSDB), que juntas de servidoras inconformadas, interpelarão o parlamentar na Justiça.

O documento, que ainda está sendo editado, será assinado por mulheres que, após as declarações, formaram um grupo de WhatsApp para discutir medidas a serem tomadas contra o deputado, principalmente, pela conotação sexual de suas colocações. A interpelação tem objetivo, segundo Lêda, de fazer com que o deputado explique e detalhe suas afirmações, consideradas “vagas” e “generalistas”. Eu e Adriana fomos impulsionadas por boa parte das servidoras da Alego, que tinham se organizado, mas temiam retaliações. Nos reunimos com representantes dos gabinetes e da administração da casa, para que colocássemos em pauta esse assunto”.

A interpelação, segundo Lêda, é uma peça preparatória para uma ação, em que o deputado terá oportunidade de esclarecer os pontos obscuros dos comentários. “Ele generaliza, dizendo que tudo é uma putaria (sic), de forma pejorativa. Já que há denúncia, que ele possa esclarecer quem são e onde estão essas pessoas, ao invés de fazer uma vala comum para todas as servidoras”.

O grupo de mulheres então deliberou pelo acionamento do parlamentar na justiça e também pela realização de um ato público no plenário da casa, nesta sexta-feira (15), data em que a Assembleia retoma suas atividades. “Faremos um ato para pedir respeito as mulheres vinculadas à Alego. Será às 9h, durante a sessão, no plenário. Estamos tendo inclusive apoio da maioria dos deputados”.

Decoro parlamentar
De acordo com Lêda, a “generalização” causou constrangimento das servidoras da casa inclusive com outros órgãos da administração pública. “Estão sendo questionadas se integram o grupo das mulheres que dão ou das que não dão (sic). As ofensas extrapolam a Alego, vem de toda parte e atingem, além das trabalhadoras daqui, namoradas, noivas e esposas de parlamentares”.

Para a deputada, as declarações de Amauri, que forma a base do governador Ronaldo Caiado (DEM) no Legislativo, constituem uma grave denúncia, a qual deveria ter sido protocolada no Ministério Público. “Ele precisa pontuar, detalhar e tomar as providências devidas no Ministério Público. Ele expôs a Assembleia a uma situação vexatória, por meio de uma atitude não maldosa, mas impensada. Tem que ter cuidado com essas questões que envolvem a casa”, sugere.

Além da interpelação judicial, o parlamentar poderá passar por crivo decorrente de suas afirmações frente ao decoro parlamentar. “Estamos com um documento pronto para enviar à Comissão de Ética da casa para análise. O presidente, José Vitti (PRTB), assegurou que a mesa diretora irá se debruçar sobre o assunto”.

Polêmica
Além das declarações e de quebrar o regimento interno da Assembleia ao tomar posse no cargo de deputado usando chapéu e com sua mulher no colo, Amauri já se envolveu em uma outra polêmica: o espancamento de sua filha com uma cinta. O caso ocorreu em 2015, quanto Amauri ainda era prefeito de Piracanjuba e as agressões teriam sido motivadas por fotos íntimas que ele afirmou ter encontrado no celular da garota.

O ato violento foi divulgado pela própria vítima, nas redes sociais, motivo pelo qual o então prefeito passou a ser investigado pela Polícia Civil. Na época, Amauri chegou a dizer que não conseguiu se segurar diante do “desrespeito”. “Bati e bateria de novo”, afirmou.

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