Grupo familiar pode ter movimentado até R$ 1 bilhão em esquema fraudulento de compra e venda de grãos

Segundo superintendente executivo, valores sonegados desde 2013 ainda serão apurados. Investigação apontou que suspeitos agiam em GO, MT e SP e usavam empresas de fachada para não pagar tributos


A Secretaria da Fazenda de Goiás (Sefaz) acredita que um grupo familiar preso na Operação Gran Família, deflagrada pelo Ministério Público com apoio da Polícia Civil, pode ter movimentado até R$ 1 bilhão em um esquema fraudulento de compra e venda de grãos desde 2013. A ação prendeu nove pessoas e cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em Goiás, Mato Grosso e São Paulo.

Quatro alvos não foram localizados e são considerados foragidos. A ação foi deflagrada na terça-feira (26). De acordo com a investigação, a fraude era feita por meio de empresas de fachada, pelas quais se emitiam notas fiscais falsas e sonegava impostos.

Entre os detidos, estão um empresário, a companheira e um casal de filhos dele. A ação aponta que eles compravam grãos de produtores rurais em Goiás sem nota fiscal e revendiam o produto com documentos das empresas que só existiam no papel e das quais eram sócios. Nesse processo, eles deixavam de recolher os impostos.

"Pelo material apreendido e pelos indícios ao longo da investigação, a gente não vai se surpreender se esse número [da movimentação] chegar próximo a R$ 1 bilhão, tendo em vista o período que está sendo investigado, desde 2013. Mas ainda é muito cedo para ter uma ideia do volume de sonegação", explica o superintendente executivo da Receita Estadual, Albirlan Borges Vitói.

No âmbito da operação, as autoridades já constataram movimentações de R$ 100 milhões referente a apenas uma empresa de fachada e somente no período de um ano.

A secretária de Economia, Cristiane Schmidt, que compareceu à coletiva para apresentação dos resultados, disse que a operação é apenas “o começo do novelo” e acredita que a investigação deve prosseguir. Ela ressaltou a importância de combater esse tipo de ação.

“Essa situação provoca uma concorrência desleal e o pequeno comerciante deixa de ser incentivado a atuar dentro da lei para concorrer com outros grupos”, declarou.

Esquema
O promotor de Justiça Daniel Pessoa informou que o empresário e a mulher agiam em Cristalina enquanto os filhos ficavam em Rio Verde, dois grandes polos de produção de grãos de Goiás. Segundo ele, o grupo mantinha empresas de fachada para deixar de pagar impostos.

"Eles compravam de vários produtores rurais e não exigiam nota. Depois, revendiam para grandes conglomerados com notas falsas destas empresas. Eles não recolhiam os tributos e quando a dívida era executada, percebia-se que as empresas não existiam de fato e não tinham como quitar o débito', salienta.

O delegado Marcelo Aires Medeiros, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), disse que já vinha investigando o esquema antes da deflagração da operação. Os alvos foram produtores rurais que vendiam grãos para o grupo sem emitir nota.

“Um inquérito já aberto conseguiu descobrir 101 produtores rurais que participavam do esquema. Cerca de 80% deles procurou a receita para regularizar seus débitos e pagar cerca de R$ 1,8 milhão em impostos sonegados. A partir do momento em que eles fizeram isso, não respondem mais criminalmente”, destaca.

G1

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