Autor de sequestro em Rio Verde alega duas versões diferentes para a polícia

Em ambas as versões, o suspeito afirma que estaria sendo coagido a praticar o crime e que a transmissão ao vivo seria para preservar sua integridade física, já que ele temia que fosse ser assassinado. Polícia vai apurar as declarações


O suspeito de assaltar e fazer de refém uma mulher de 26 anos dentro de casa, na noite de segunda-feira (8), apresentou duas versões sobre o fato para a Polícia Civil de Rio Verde. Primeiramente, Matheus Campos Oliveira, de 21 anos, afirmou que, por conta de uma dívida no tráfico, teria sido obrigado pelos supostos traficantes a assaltar a residência e repassar as quantias e objetos roubados para os traficantes. A transmissão ao vivo feita Facebook, segundo ele, teria sido para tentar garantir a sua integridade física durante a negociação. Já na segunda, o preso declarou que, na verdade, foi coagido a praticar o crime sob risco de ser assassinado.

O delegado responsável pelo caso, Adelson Candeo, afirmou que ainda há muito o que ser apurado. “Ele apresentou muitas informações contraditórias e envolveu o nome de muita gente. Então a gente precisa checar essas informações com cuidado para que pessoas inocentes não sejam envolvidas na história”, afirmou. A versão apresentada pela vítima foi a de que, no momento em que ela chegava da faculdade, foi abordada por Matheus na porta de casa e rendida por ele. Segundo ela, ele pedia por dinheiro e celulares. Em seu depoimento, dois pontos chamam a atenção da polícia. O primeiro deles é de que ela e o assaltante já se conheciam. “Ela disse que conhecia ele só de vista, que ele tinha namorado uma conhecida. E quando ele deu a voz de assalto chegou até a questionar por quê ele faria aquilo, se ele conhecia ela”, explicou Candeo. O segundo ponto foi a saída do pai da vítima da casa. “O pai dela estava dentro da casa na hora que ele entrou e de algum modo a vítima conseguiu fazer sinal para que ele saísse da casa. Segundo o Matheus, ele viu tudo isso e permitiu a saída do homem. Obviamente, ao sair, ele chamou a polícia”.

Para a polícia, há suspeita sobre a declaração de Matheus de que a residência foi uma escolha aleatória. “Ele estava ali por uma pessoa específica ou por um motivo específico”, disse. O suspeito alega que só percebeu que conhecia a vítima depois de já estar dentro da casa.

Candeo explica que uma das pessoas apontadas por Matheus já foi ouvida na tarde de terça-feira e outras oitivas devem acontecer nesta quarta-feira (10). “Em todo tempo ele fala que sabia que ia morrer e que aquela situação foi armada para que ele morresse. Ele alega que sabia que se entrasse para fazer o assalto, seria preso e, se saísse, essas pessoas que ele cita matariam ele”, conta o delegado. Segundo a polícia, os nomes citados não serão divulgados para não prejudicar as investigações. A defesa de Matheus alega que o jovem foi coagido a praticar o crime e, em nenhum momento, ele teria intenções de ferir a dona da casa. O ato foi apenas para preservar sua integridade física.

Tiro acidental
A vítima ficou cerca de 3h sob a mira do suspeito, que iniciou uma transmissão ao vivo nas redes sociais assim que a polícia chegou ao local. Depois das negociações, o jovem aceitou sair e entregar o revólver para a polícia mas, para isso, a recomendação é que a vítima saísse com a arma e ele desarmado. “Ele ficou com medo de ser atingido por disparos, então ele colocou a arma na mão dela, mas não soltou. Ficaram os dois segurando o revólver engatilhado e ele abaixado atrás dela”, explica o delegado. Segundo ele, quando os dois deixaram a casa, Matheus quis recuar e a jovem insistiu em continuar caminhando, momento em que, com o atrito, a arma acabou disparando e atingindo o rosto do suspeito.

Imagens de um vídeo que tem sido compartilhado nas redes sociais, aparentemente gravado pela vizinhança do lado de fora da casa onde acontecia o sequestro, mostram o que seria o momento da rendição. Em meio a muitas viaturas e sirenes, o rapaz aparece imobilizado e sendo encaminhado por agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) até uma ambulância do Corpo de Bombeiros. Diferente das imagens da transmissão ao vivo, o jovem aparece sangrando.

Matheus foi atingido na têmpora direita e a bala atravessou seu rosto e saiu pela bochecha esquerda, passando por trás da mandíbula, narinas e glóbulos. Segundo os médicos, o jovem teve muita sorte, visto as altas chances de perder um olho com o disparo ou até mesmo ser uma tiro fatal. “Ele recebeu alta hoje à tarde e veio prestar depoimento. Ele está bem, só a narina que está danificada”, disse o delegado. 

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