O que não está na moda

Caroline Arcari fala sobre comportamente, educação e sexualidade aos leitores do Rio Verde Agora


Em passagem recente pelo Brasil, a modelo Gisele Bündchen, realizando um enorme desserviço à formação dos nossos jovens, deu uma infeliz declaração, quando questionada sobre o aborto, revelando que seus dotes intelectuais parecem estar inversamente proporcionais aos seus tão aclamados atributos físicos:
 
-“Sou a favor de a mulher fazer o que deseja de seu corpo. Fui a uma exposição em Nova Iorque que mostrava o interior do corpo humano e também as fases da gravidez. Até quatro meses de gravidez, não existe quase nada. É como um grãozinho!”

Em primeiro lugar, quando falamos em aborto, não é só da mulher que estamos falando, mas sim de um pequeno ser humano, completamente indefeso, que está em formação no ventre de sua mãe. A preocupação da mulher, então, com seu corpo deveria estar dirigida para a prevenção dos problemas e para o exercício pleno de sua sexualidade, desfrutando do prazer sem o risco de contrair doenças ou de uma gravidez não planejada.
Com três semanas de gestação o embrião já tem um pequenino coração batendo em seu peito e se a nossa digníssima representante da moda tivesse estudado um pouco mais sobre embriologia humana, saberia que ao final do primeiro trimestre, isto é, com quatro meses, o feto, como passa a ser chamado, já tem todas as características de um ser humano (mãos, pés, olhos, orelha etc) com cerca de 6cm e começa a se diferenciar em menino ou menina. Já há cabelo em sua cabeça, tem formadas suas cordas vocais e até unha na ponta dos seus dedos. Dá saltos e realiza movimentos dentro do útero que são sentidos pela futura mamãe.

Quando uma pessoa de destaque, famosa, dá uma declaração imprópria como esta, não está somente demonstrando sua ignorância completa sobre o assunto, mas também a ausência de bom senso, a partir do instante que transmite uma informação incorreta, gerando um grande malefício à nossa sociedade. Os jovens, em uma idade altamente influenciável por estas tais personalidades, tomam como certas estas afirmações e podem passar a praticar este tipo de comportamento de risco. Vale lembrar que o aborto é crime punido com prisão em nosso país e mesmo assim, como é realizado clandestinamente, é a quarta maior causa de morte em mulheres em idade reprodutiva no Brasil segundo dados do SUS.

Cabe agora aos pais e educadores, no exercício de suas obrigações, aproveitar o ensejo para discutir o assunto com seu filhos ou alunos, informando-os e ajudando-os a desenvolver o pensamento crítico e a responsabilidade individual, para que no futuro não cometam o mesmo equívoco da senhorita Gisele, que no quesito ética e moral ainda não é modelo para ninguém.

AUTOR: Caroline Arcari

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