Psicólogo de bicho é coisa de doido?

A veterinária Mariana Paz Rodrigues dá dicas de como cuidar do seu animal de estimação


Apesar dessa profissão ter sido amplamente divulgada nos últimos anos pela mídia, muita gente ainda acha que é coisa de doido e a maioria nem tem a menor idéia do que se trata. Pessoas e animais podem se beneficiar muito desse tipo de serviço conhecendo sua finalidade e utilidade.

No decorrer da consulta com o “psicólogo”, o profissional procura entender qual é o problema comportamental do animal. Por exemplo: latidos excessivos, agressividade, distúrbios de eliminação de urina ou automutilação. A situação é descrita em detalhes e as pessoas dizem como tentam solucioná-la. Nessa hora o profissional deve ter bastante jogo de cintura, pois os próprios proprietários acabam brigando por conta dos problemas apresentados pelo animal.

Uma vez compreendido o problema e as atitudes das pessoas em relação a ele, o profissional explica o que realmente está acontecendo e o que deve ser feito. O especialista em comportamento animal recomenda novos comportamentos e atitudes para humanos e, assim, procura alterar indiretamente o comportamento do animal. Na maioria das vezes, as pessoas estão fazendo tudo errado! Quando aprendem como se comportar em relação ao animal acontece uma mudança drástica em seu comportamento para melhor. Algumas pessoas dizem que parece mágica.

As consultas costumam levar cerca de 1 hora e devem ser feitas preferencialmente onde ocorre o problema. Normalmente, o conflito ocorre na casa onde o bichinho vive. Por isso, o ideal é que o profissional vá até a residência do cliente para diagnosticar o problema corretamente. A maioria dos animais se comporta de forma diferente dentro e fora de casa. Recomenda-se que todas as pessoas que interagem com o animal participem, para que possam participar com informações e ajudar na solução do problema.

Não existe formação obrigatória para um profissional atuar nessa área. Cabe ao contratante, portanto, verificar se o profissional tem experiência e condições para lidar com o caso em questão. Profissionais de nível superior que costumam atuar nessa área são: psicólogos, biólogos, veterinários e zootecnistas. Normalmente, as pessoas procuram este tipo de profissional por recomendação.

Os animais estão sempre aprendendo e se ajustando ao meio em que vivem, por isso não desista de tentar resolver o problema que esteja prejudicando seu animalzinho de estimação ou sua relação com ele, mesmo que o animal seja idoso.

Numerosos problemas de comportamento podem ser solucionados pela terapia comportamental. Os mais frequentes são a agressividade por dominância, a ansiedade por separação, a compulsão e as fobias.

A maior dificuldade do especialista é conseguir a colaboração das pessoas que vivem com o cão. Não é fácil mudarmos o nosso comportamento, por mais simples que possa parecer. Algumas pessoas sentem-se arrasadas quando tentam deixar de mimar o animal, mesmo sabendo que é para o bem dele.

Normalmente o tratamento não é longo, bastam algumas entrevistas para o profissional identificar o problema e traçar uma estratégia para solucionar o caso. Muitas soluções acontecem em alguns dias, mas outras podem demorar meses e alguns problemas só diminuem de intensidade. Na maioria das vezes, o novo comportamento das pessoas da casa em relação ao animal deve ser mantido depois que o problema tenha sido resolvido, para que não venha a se repetir.

Psicólogo de bicho é coisa de quem ama e se compromete com o bem-estar de seu animal! Fique atento ao comportamento e aos sinais que seu animal dá para oferecer a ele sempre o melhor. O conforto emocional é tão importante quanto uma alimentação saudável e cuidados de higiene.

Por Mariana Rodrigues

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