O bicho: 'Otite'

A veterinária Mariana Paz Rodrigues dá dicas de como cuidar do seu animal de estimação


Otite é um processo inflamatório que atinge a orelha de diversos animais, podendo ser um processo patológico com evolução aguda, crônica ou ainda crônica recidivante. Em cães, a otite externa possui grande importância clínica, estimando-se que representa de 8 a 15% dos casos atendidos na prática clínica veterinária no Brasil.

Os sinais clínicos mais observados são formação de exsudato e/ou cerume em excesso (que normalmente apresenta odor desagradável), dor, coceira, inchaço, descamação, balançar constante da cabeça e alterações no posicionamento da cabeça.

Para o sucesso do tratamento é importante reconhecer todos os fatores causais. Possui etiologia multifatorial, sendo isolados vários agentes no conduto auditivo doente, como bactérias, fungos e ácaros.

Com a grande diversidade de microrganismos envolvidos nas causas das otites torna-se cada vez mais importante a realização de exames para determinar qual agente causa a doença antes de instituir a terapia para diminuir o risco dos agentes tornarem- se resistentes aos antibióticos usados no tratamento e, assim, evitando a ocorrência de recidivas. O uso indiscriminado de antibióticos sem o diagnóstico preciso da causa primária das otites tem contribuído para a seleção de microrganismos resistentes.

A obtenção de um ouvido limpo e seco é extremamente importante no tratamento da otite. Secreções dos ouvidos irritam diretamente o conduto auditivo, além de conter agentes microscópicos patológicos. Além disso, impedem que o medicamento contate o revestimento do ouvido, inativam o efeito do agente terapêutico e por conseqüência prejudicam diretamente o tratamento correto da otite.

A retirada dos pêlos de dentro do ouvido de cães é uma prática comum em serviços de beleza e estética canina (banho-e-tosa). Existem diversos procedimentos utilizados para tal fim, como por exemplo a retirada física (manual ou por meio de instrumental), a abrasão química (uso de pós depilatórios) e o corte basal com tesouras.

Existem dois tipos de pêlos dentro do ouvido: os relacionados com revestimento da pele (pêlos de cobertura) e os responsáveis pela captação de estímulos nervosos (pêlos sensoriais), sendo estes últimos mais finos e curtos que os primeiros. A retirada destes pêlos é realizada de forma não seletiva, o que acarreta tanto a eliminação de pêlos de cobertura como sensoriais. A retirada de pêlos sensoriais inicia a inflamação da região e é, portanto, prejudicial à saúde auditiva de cães saudáveis, independente da técnica utilizada.

Desta forma, esteja atento aos ouvidos do seu animalzinho de estimação: não autorize a retirada de pêlos auriculares no banho e tosa, observe sinais de doença auditiva e, em caso de perceber alguma alteração, leve-o imediatamente ao veterinário para que este possa proceder corretamente ao diagnóstico e tratá-lo adequadamente!

Por Mariana Paz Rodrigues

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