O bicho: Diabetes em cães e gatos

A veterinária Mariana Paz Rodrigues dá dicas de como cuidar do seu animal de estimação


A Diabetes é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue.  Pode resultar da incapacidade do pâncreas em secretar insulina, hormônio responsável pela regulação da concentração de glicose no sangue,(diabetes tipo I) e/ou de ação deficiente da insulina nos tecidos (diabetes tipo II).
 
Estima-se que a doença atinja 1 em cada 400 gatos e 1 em cada 200 cães. Porém, de acordo com estudos recentes, sua prevalência em felinos vem aumentando.  A incidência em fêmeas é aproximadamente o dobro da incidência em machos. Cães com diabetes melito comumente situam-se na faixa etária entre 4 e 14 anos e a condição é incomum em gatos com menos de sete anos.

Dentre os agentes mais comuns que predispõem o surgimento da diabetes mellitus em animais, observa-se período de cio, uso de corticóides, anticoncepcionais, obesidade, predisposição genética (raças como Poodle, Rottweiler, Pinscher e Dachshund), traumatismo no pâncreas, neoplasias, vida sedentária e estresse.

Os sintomas são semelhantes aos apresentados por humanos.  Cães e gatos geralmente apresentam um estabelecimento gradual da doença, ao longo de semanas, o que pode passar despercebido por algum tempo. Os primeiros sintomas evidentes são uma súbita perda ou ganho peso, acompanhado por beber água e urinar excessivos. Os gatos, por exemplo, podem desenvolver uma aparente obsessão por água e passar a espreitar torneiras e bebedouros. O apetite subitamente aumenta (até três vezes o normal) ou se torna ausente. Outros sintomas incluem desidratação, glicose na urina (o que pode ser observado pelo dono pela presença de formigas próximo ao local onde o animal urina) e, em casos mais avançados, a catarata, que é a complicação secundária mais comum da diabetes, causada pela entrada de açúcares na membrana da lente ocular, levando à cegueira. A acidose diabética é uma complicação do quadro de diabetes, a qual é comum em animais com hiperglicemia persistente, e os sinais apresentados são depressão, aumento da frequência respiratória, fraqueza, vômito e odor forte de acetona na respiração. Dessa forma, é considerada emergência em pequenos animais, que devem receber imediatamente cuidados veterinários.

A partir do conhecimento destes sintomas, você já está pode suspeitar de diabetes caso seu animalzinho apresente algum deles e levá-lo à clínica veterinária para realização de exames complementares para confirmar o diagnóstico. A diabetes é uma enfermidade tratável, porém é potencialmente letal quando não tratada. O objetivo primário da terapia é a eliminação da sintomatologia que ocorre secundária ao aumento da glicose no sangue, que pode ser atingido por administração adequada de insulina, dieta, exercício, medicações hipoglicêmicas e/ou evitando-se ou controlando-se doença concomitante.

É importante lembrar que o tratamento não leva à cura da doença e sim ao controle dos sintomas, aumentando consequentemente a qualidade de vida do animal. Um cão ou gato diabético, portanto, requer muito mais atenção dos donos e cuidados para o resto da vida. É um animal que deve ter uma rotina rígida e não pode ser deixado sozinho quando as pessoas vão viajar. E o mais importante é que o proprietário mantenha vínculo de afeto e cuidado com seu animal e uma estreita relação de confiança com o veterinário.

Compartilhe

Comente: O bicho: Diabetes em cães e gatos