Envenenamentos de cães e gatos

A veterinária Mariana Paz Rodrigues dá dicas de como cuidar do seu animal de estimação


Pequenos animais estão bastante vulneráveis ao perigo dos venenos. Mortes por envenenamento lideram o ranking de mortes súbitas, seguidas por mortes por atropelamento.

Os envenenamentos mais comuns acontecem com rodenticidas anticoagulantes, os “mata-ratos” e com estricnina.

Através dos sintomas é possível ter uma idéia do veneno usado. Por exemplo, com rodenticidas anticoagulantes o animal tem hemorragia, as mucosas ficam pálidas, ocorre letargia e depressão. Com a estricnina ocorrem convulsões, rigidez muscular, taquicardia, hipertermia, apnéia (parada respiratória) e vômito.

No Brasil, uma portaria de 1980 poríbe produtos contendo estricnina. No entanto, há locais que comercializam o veneno ilegalmente.

O chumbinho é um dos venenos mais conhecidos pela população em geral. De acordo com a região do país a composição do chamado chumbinho (organofosforado carbamato) varia.

Em inúmeras cidades, através de leis municipais, sua comercialização também é proibida. A principal forma de contaminação é a ingestão do veneno. O chumbinho mata tanto o animal envenenado como os demais da cadeia alimentar, por isso o cuidado ao se colocar venenos para ratos é tão importante. Quando você coloca veneno para ratos dentro de casa tem que estar atento tanto para que seu animalzinho não venha a ingerir o veneno diretamente quanto comer o animal que já tenha sido vítima do veneno. Apesar do número espantoso de envenenamentos, tanto propositais quanto acidentais, ainda existem pessoas que utilizam o chumbinho para controlar infestações de roedores em casa. Mas o chumbinho não é a solução para estas infestações. Quando percebem que um rato da colônia ingeriu uma substância e morreu, os outros ratos não se aproximam mais do local. Além disso, ratos são atraídos por alimentos, especialmente rações para cães e gatos. Por isso, não utilize venenos em casa!

Prefira contratar serviços especializados em desratização.

Outro veneno bastante perigoso é o monofluoracetato de sódio, o veneno 1080. É considerado o veneno mais perigoso do mundo por não ter cor, cheiro ou sabor; é altamente solúvel em água e facilmente absorvido pela pele. Não há nenhum antídoto conhecido e uma colher de chá do veneno pode matar até 100 pessoas adultas. A morte provocada por este veneno é difícil de determinar já que os sintomas parecem com o de um ataque cardíaco.

Os sintomas aparecem cerca de 30 minutos após a exposição ao produto e a morte pode ocorrer entre 2 a 7 horas. Sua venda é proibida, embora seja muito utilizado como raticida em plantações.

Quando você perceber sinais de envenenamento no seu animal, tais como os descritos acima, leve imediatamente seu animal a uma clínica veterinária. Quanto antes procurar o atendimento veterinário, maiores são as chances do animal sobreviver. E sempre que possível, leve a embalagem do veneno utilizado ou até mesmo o conteúdo de vômito, se houver, para facilitar o trabalho do veterinário no que se refere à escolha adequada de drogas terapêuticas.

O tratamento é feito com o uso de drogas que diminuem ou anulam os efeitos do veneno utilizado e terapia de suporte. Não force o animal a ingerir nenhum líquido ou a vomitar.

Essas atitudes, além de poderem piorar o estado de saúde do animal ainda consomem tempo valioso no socorro.

O envenenamento de animais está previsto na lei de crimes ambientais (Lei Federal 9.605, de 13/02/98). O artigo 32 da lei diz que é crime ambiental “praticar atos de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”. A pena prevista é detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
Então, fique atento ao seu jardim ou quintal. Não utilize venenos que possam por em risco a vida de seu animal de estimação e tente conscientizar seus vizinhos e amigos para o mesmo.

Apenas o trabalho em conjunto para conscientização de proprietários e da população em geral pode diminuir o número de animais afetados e mortos de maneira cruel e leviana.

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