Constipação em cães e gatos

A veterinária Mariana Paz Rodrigues dá dicas de como cuidar do seu animal de estimação


Um cão ou gato deve defecar ao menos uma vez dentro de dois dias, com fezes macias. Animais que sofrem de constipação não conseguem defecar devido à baixa mobilidade, ou pela dificuldade de passagem do bolo fecal, principalmente na porção final do intestino. As causas do problema são diversas, tais como a ingestão de pêlos, principalmente no que se refere aos gatos, à alimentação pobre em fibras e à baixa freqüência de caminhada por parte dos pets. Obstruções mecânicas tais como tumores e corpos estranhos são as causas mais prováveis de constipação inicial. A ingestão de refeições com ossos e algum material fibroso indigesto também pode causar constipação.

Podem predispor à afecção fezes duras e secas, baixo consumo de água, resistência ao defecar regularmente por problemas ambientais (estresse e local de defecação sujo, por ex.) e comportamento e doença anorretal dolorosa. O bloqueio pode também ser devido ao aumento da próstata em cães machos. Fraturas pélvicas mal curadas que causem o estreitamento da entrada da pelve, causando compressão do cólon ou do reto. Outra coisa a considerar é a presença de neoplasias. Algumas drogas também podem promover a constipação. Entretanto, a dieta é fator que mais afeta a função do cólon.

Animais mais velhos são mais afetados. Perda de apetite, vômito, dor abdominal e letargia são outros sintomas de constipação que podem aparecer. Freqüentemente, a constipação causa uma condição chamada megacólon, onde a porção final do intestino se distende excessivamente.

A constipação ocorre quando o cólon fica compactado com matérias fecais e define-se pela diminuição ou ausência de defecação de fezes duras ou ressecadas, associada a esforço aumentado ou a volume fecal reduzido.

A obstipação consiste na progressão deste distúrbio que se processa quando as fezes ficam retidas no cólon e no reto durante um período de tempo prolongado, tornando-se excessivamente duras e secas. Nestas circunstâncias, a defecação torna-se progressivamente mais difícil até ser praticamente impossível.

A palpação abdominal revela a presença de uma massa tubular dura e irregular no intestino, que pode estender-se a todo comprimento do órgão. Radiografias abdominais confirmam a dilatação e compactação do cólon, podendo eventualmente revelar a causa.

Nós podemos tomar várias medidas para prevenir a constipação em animais domésticos. Uma dieta de rica em fibras e a disponibilidade de água são importantes.

Regularmente exercitar o cão também é muito importante, pois permite ao cão chances regulares para movimentos de intestino.

O tratamento consiste em reposição de fluídos; remoção ou correção de qualquer causa subjacente; enemas; administração de laxantes; e, em casos mais graves colectomia cirúrgica (retirada da porção intestinal afetada). A constipação leve é corrigida ajustando a dieta, evitando os maus hábitos, dando livre acesso à água, com dieta rica em fibras, laxantes e supositórios sob vigilância médica. As dietas contendo fibras não digeríveis podem ser muito úteis para o tratamento e prevenção da fase inicial da compactação do cólon. As fibras provocam a distensão dos músculos do cólon e estimulam a atividade contrátil. Estas dietas estão contra-indicadas em doentes com megacólon, nos quais o músculo do cólon é incapaz de reagir à distensão. A estes animais deve ser administrada uma alimentação úmida de elevada digestibilidade.

Em caso de obstipação recorrente, se for impossível ao proprietário administrar a medicação ou se o animal não tolerar o tratamento com fármacos a longo prazo, a solução indicada é a colectomia. Tecnicamente é um processo simples, constituindo uma alternativa realista e eficaz ao incômodo causado pela realização contínua de enemas e por tratamentos a longo prazo com laxantes. De forma geral, os animais submetidos a colectomia subtotal mantém as fezes com consistência mole ou semi-sólida, o que é aceitável para os proprietários. O uso de enemas e laxantes deixa de ser necessário e a maioria destes animais têm uma vida normal, exceto se existirem outros distúrbios subjacentes.

O prognóstico resulta da terapêutica médica adotada e depende da fase da doença na primeira observação, assim como da possibilidade do proprietário do animal em manter uma terapêutica preventiva contínua. Em contrapartida, o prognóstico dos pacientes com colectomia subtotal é muito bom.

Por fim, se seu animal apresentar alguns destes sintomas não dê qualquer laxante indicado por leigos ou balconistas mal informados. Não dar laxante, se suspeitar que o problema é causado por qualquer objeto ingerido, porque os laxantes podem ocasionar um aumento de força, causando contração da parede intestinal. Procure um veterinário da sua confiança para realizar diagnóstico correto e adotar tratamento adequado, que irá promover qualidade de vida ao seu bichinho.

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