Brigas de casais

Pequenos desentendimentos do cotidiano podem ser a causa das crises conjugais


Atire a primeira pedra quem nunca teve uma briga com o namorado ou com o marido. Você sabia que muitas vezes, essas brigas acontecem por desentendimentos do dia a dia, como não baixar a tampa da privada, deixar a toalha em cima da cama ou ainda porque o maridão domina o controle remoto? Mas um motivo que vem chamando a atenção como um estopim para as discussões são os gastos supérfluos (batizado de infidelidade financeira).

Em meu consultório constantemente atendo casais que procuram ajuda para lidar com questões emocionais, sexuais, ciúme e traição, mas ultimamente um motivo pela busca da terapia de casal é o que chamamos de infidelidade financeira, ou seja, quando um dos parceiros acredita que o outro gasta demais com coisas que considera supérfluas. Alguns chegam à separação por causa do modo como o companheiro lida com o dinheiro. Pesquisas apontam que 16% dos casos de separação são por conta desse comportamento.

Uma das principais reclamações são as compras sem consultar o parceiro ou a parceira. As mulheres, normalmente, são as mais consumistas e os companheiros ficam preocupados com o consumo exagerado de roupas, bijuterias, joias, calcados, cosméticos e gastos com salão de beleza. Alguns homens são mais vaidosos e concordam com os gastos da parceira, mas a grande maioria acha que uma boa parcela dos gastos femininos são desnecessários e supérfluos. E quando o orçamento da família começa a ficar comprometido, as brigas começam.

Alguns homens que atendo questionam se suas parceiras tem os mesmos objetivos de vida que eles têm. Entre esses objetivos estão: economizar para ter uma casa melhor, viajar mais, dar uma boa educação aos filhos, ter uma reserva para o futuro. Em resumo, o que percebo em minha prática clínica é que os homens tem uma inclinação a investir, ou seja, fazer seu dinheiro render mais e aplicar onde ele dará mais dinheiro, onde trará mais recursos. Esse planejamento pode ser resultado das características culturais masculinas, em que o homem deve ser o provedor da casa.

Ainda com relação às questões conjugais, na lista de problemas, somados aos financeiros estão as pequenas chateações do dia a dia. Pequenas coisas aparentemente inofensivas, mas que são capazes de tomar grandes proporções, tais como: a tampa de privada levantada, a toalha molhada em cima da cama, gavetas deixadas abertas, roupas íntimas penduradas no box do banheiro. As mulheres costumam ser as mais rigorosas nesses quesitos. Os maridos até reconhecem os erros, mas acham que elas poderiam pegar “mais leve” e ter menos manias de organização e limpeza.

Os homens, por sua vez, reclamam de manias que as mulheres também tem, e que os desagradam, tais como demorar para ficar pronta, entupir o ralo do chuveiro com cabelo, passar cremes hidratantes muito perfumados, assistir novela, ficar muito tempo ao telefone.

Uma tendência nos relacionamentos é morarem em casas separadas. Alguns casais acreditam que tem mais privacidade assim, cada um em sua casa, com suas manias, se encontrando apenas para namorar.
Assim, evitam as tampas de privada levantadas ou a calcinha lavada no chuveiro. Uma parcela desses casais acredita que morar na mesma casa é bom, mas então que cada um tenha o seu banheiro, por exemplo.

As pequenas brigas podem desgastar perigosamente a relação, causando até mesmo a separação, tamanho o estresse gerado a cada acontecimento desagradável.

Para evitar esse desgaste, os casais precisam aprender que cada um é diferente, cada um teve um aprendizado, um costume, uma convivência anterior em uma família que pode ter mostrado regras diferentes das suas. E é preciso respeitar essas diferenças, focando no que os uniu primeiramente: o amor. Uma dica é tentar lidar com as pequenas manias do outro com bom humor.

Em todo caso, é preciso que o casal não subestime esses pequenos desentendimentos, pois eles podem alimentar discussões maiores e por motivos maiores. Isto quer dizer que, as pequenas coisas, se não resolvidas, podem ir acumulando ressentimentos, causando brigas de grandes proporções e de grande desgaste emocional que depois fica difícil de contornar.

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