Goiás é protagonista no agro

Estado se destaca na produção de itens como tomate, café, soja, sorgo, cana-de-açúcar e melancia; especialistas citam dificuldades em relação à infraestrutura


Recursos naturais, condições climáticas, oferta de água, tecnologia e mão de obra estão entre as características citadas por especialistas e produtores para os resultados positivos de Goiás no agronegócio ao longo dos anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última semana dados sobre a produção agrícola no Brasil no ano de 2018, que mostram Goiás em posições de destaque quando o assunto é milho, soja, sorgo, cana-de-açúcar, tomate, café e melancia, por exemplo. 

No caso da soja, o recorde foi nacional e estadual. Goiás registrou produção de 11,39 milhões de toneladas, resultado que colocou o Estado em 4º lugar no ranking nacional. Além disso, os municípios de Rio Verde, Jataí e Cristalina estão entre os 15 principais produtores do grão no País. 

Apesar de a produção de milho ter sofrido queda em 2018, o Estado continua como o terceiro maior produtor do Brasil. Mais uma vez, Jataí e Rio Verde se destacam no cenário nacional, como o 4º e 5º maiores na produção do grão no Brasil. A queda no resultado goiano em relação ao milho foi consequência de condições climáticas desfavoráveis no ano passado. 

O Estado também é o principal produtor de sorgo do Brasil, com 895,35 toneladas colhidas em 2018. O número é 9,5% maior que o registrado no ano anterior. Além disso, os municípios de Rio Verde, Paraúna e Acreúna ocupam as três primeiras posições do ranking nacional dos municípios produtores de sorgo. 

A família de José Rubens Vieira produz grãos no sudoeste de Goiás há mais de 40 anos. Ele atribui o aumento da produtividade principalmente à inclusão de ferramentas tecnológicas no campo. “Fazer ao controle da produção pelo celular, por exemplo, ajudou muito. A região ainda tem outras características importantes, como o solo fértil. A migração de pessoas para o sudoeste em busca de emprego também foi muito bom para a mão de obra nas fazendas”, afirma José Rubens. 

Analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Pedro Arantes destaca que o solo plano do Estado facilita a mecanização. A grande oferta de água, diz o analista, é importante para a irrigação e a proximidade com indústrias ajuda a estabilizar os preços. “Solo fértil e clima favorável o Mato Grosso também tem. O diferencial foi a infraestrutura razoável para instalação de indústrias”, afirma. Em relação aos desafios que a agricultura ainda enfrenta no Estado, Arantes diz que o escoamento de produção é o principal.

Técnica 
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Adriano Barzotto, conta que produtores do sudoeste do Estado têm investido em pesquisas próprias com o objetivo melhorar a qualidade dos grãos e também colher mais. “Ao longo dos anos, conseguimos adaptar variedades de grãos até termos duas safras com alta produtividade no mesmo ano”. 

A questão técnica e de capacitação é, segundo Adriano, um desafio a ser vencido para o setor continuar crescendo. “Nós somos bons no que fazemos, os números mostram isso, já estamos bem posicionados. Agora precisamos profissionalizar ainda mais”, diz o presidente. 

Adriano afirma que questões simples, como a criação de pessoa jurídica para administração do negócio ainda, ficam no caminho do crescimento de donos de grandes áreas de produção. “A capacitação começa com sistema de gestão da fazenda. A agricultura 4.0 está chegando e não será possível acompanhar sem se adequar”. 

Tomate 
Além dos grãos, Goiás também se destaca na produção de tomate. Segundo o IBGE, em 2018, o Estado registrou aumento de 2,4% na colheita em relação a 2017, atingindo 1,3 milhão de toneladas. São Paulo é o 2º colocado, com 870 mil toneladas. 

Mateus Carvalho produz tomate industrial no município de Bela Vista de Goiás há cerca de 10 anos. Assim como Arantes, ele também afirma que o incentivo às indústrias aqueceu a produção agrícola na região. O clima, segundo Mateus, é fundamental, já que o período de seca é importante para o desenvolvimento do fruto. “Sou produtor rural há mais de 20 anos, mas comecei a plantar tomate há 10 anos, como uma opção a mais, pois já trabalhava com soja, milho e feijão”, conta Mateus. 

Arthur Cunha Pereira havia deixado a vida no campo para abrir uma empresa que presta serviços no setor, mas voltou a produzir tomate em Indiara e em municípios do interior de São Paulo há 3 anos. Ele afirma que tem diminuído a área plantada por causa da queda no preço pago por indústrias pela tonelada do produto. 

Quanto às condições oferecidas no Estado, ele afirma que a instabilidade do clima também pode atrapalhar. “Se chover demais, principalmente no começo ou na colheita, o produtor tem sérios problemas. Às vezes o nosso clima ajuda, mas pode ser um problema também”. 

Goiás também está nas primeiras posições do ranking nacional quando o assunto é cana-de-açúcar. O Estado é o segundo maior produtor do Brasil desde 2015, quando ultrapassou os números de Minas Gerais. A colheita gerou produção de 73,76 milhões de toneladas, número que representa aumento de 3,3% em relação a 2017.

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