Colégio WR de Goiânia é acusado de ser instituição machista

Muitas alunas e ex-alunas afirmaram terem sido vítimas de machismo e terem ouvido comentários depreciativos na instituição


Uma postagem do Colégio WR, em Goiânia, sobre o Dia da Mulher gerou muita repercussão no Instagram. Após a publicação, uma série de alunas e ex-alunas se manifestaram denunciando casos de machismo dentro da instituição. Até o fechamento da matéria, a postagem contava com 692 curtidas e 1.776 comentários.

As manifestações das alunas descreviam uma série de condutas de professores e do diretor do colégio. Piadas e comentários, feitos tanto na sala de aula quanto de forma individual, foram relatadas. Algumas das frases que teriam sido ditas pelos profissionais foram citadas em vários comentários: “Você está rouca de tanto pagar b… no fim de semana”, “mulher passa creme para ficar macio quando apanhar”, “vira a cabeça senão pinga m…”, entre outras.

Uma ex-aluna afirmou em um comentário que, durante os anos que estudou na instituição, ela viu esse tipo de postura várias vezes. Ela afirmou que comentários com conotação sexual eram frequentes, além de frases que diminuíam as mulheres.

Nem todas as postagens foram de denúncias. Várias outras defendiam tanto a instituição quanto os professores e o diretor. Algumas afirmam que os comentários não passavam de brincadeiras. Outras ressaltaram a qualidade de ensino oferecida pelo colégio.

Postagem apagada
Após diversas denúncias de alunos, o post do Colégio WR foi apagado das redes sociais. A publicação foi feita no último dia 8 de março, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, e foi excluída na manhã desta segunda-feira (11). Segundo depoimentos do estudantes e ex-alunos da instituição, o diretor, professor e proprietário do colégio, Rubens Ribeiro Guimarães, mais conhecido como “Rubão”, dizia, em sala de aula, frases com conteúdo machistas e misóginos. Até o último domingo (11), a imagem postada estava com com 692 curtidas e 1.776 comentários, vários deles sobre o assunto.

“Mulher do precisa saber contar até 6, que é o número de bocas do fogão” e “mulher passa creme hidratante para a mão do homem não doer quando for bater nela” são alguns exemplos das frases que seriam ditas pelo professor. Uma ex-aluna, que preferiu não se identificar, conta que as falas eram frequentes na aulas de química, matéria ministrada por Rubão. “Quando um aluno respondia errado ou não sabia a resposta, ele pedia para uma ‘subespécie’ ensinar a resposta. Se a menina acertasse, o menino tinha que se envergonhar, pois um ‘ser irracional’ teria acertado e ele não”, conta. O WR é uma das mais famosas escolas de ensino médio e pré-vestibular de Goiânia e as mensalidades giram em torno de R$ 2 mil.

A jovem destaca que, determinada vez, foi chamada pelo professor para ter uma conversa. Rubão, então, teria apontado o dedo no rosto dela ao descobrir sobre o namoro, pois isso poderia “atrapalhar o estudo”. “Ele soube do meu namoro e me disse que ‘homem não quer nada sério com mulher’ que era para eu ‘largar de ser imbecil'”, ressalta.

Um outro ex-aluno, que estudou no WR durante três anos, conta que ficava incomodado com o jeito que o professor tratava as alunas dentro da sala de aula. Além disso, ele diz que o professor também desferia falas de cunho homofóbico. “Alunas lésbicas que foram denunciar casos de homofobia na direção foram ridicularizadas.  Ele dizia que ‘sua mãe deve ter vergonha’ e que as meninas ‘deveriam criar vergonha na cara e não dar esse desgosto'”, relembra.

Os assédios, segundo o jovem, eram constantes e, alguns, chegavam a ter conotação sexual. E acusa a escola de acobertar a situação. “No mínimo, fazia vista grossa ao assédio nojento que professores tinham e têm com algumas [alunas] de 15, 16 anos. A imensa maioria dos professores usavam de comentários machistas como ‘dinheiro na mão, calcinha no chão'”.

Outro estudante alega que Rubão chegou a comparar mulheres a pedras. “Era nítido a diferença do tratamento dele entre os meninos e as meninas. Uma vez, ele disse que ‘mulher quando morre evolui porquê, às vezes, volta como pedra’. Diversas vezes vi algumas dizerem que sentiam nojo e outras relatavam que até tinham vergonha por serem mulheres”, explica o ex-aluno.

Colégio responde
O Colégio WR manifestou-se acerca dos supostos episódios de machismo cometidos pelo diretor e professor da instituição. O caso aconteceu após uma publicação no Instagram em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, na qual alunas e ex-alunas manifestaram-se contra o diretor.

Em nota, a instituição disse: “O Colégio WR conquistou a credibilidade do público goiano por meio de um trabalho sério, honesto e transparente, pautado em valores familiares e éticos. Dessa forma, lamenta profundamente o mal-entendido ocorrido nas redes sociais, mas respeita a liberdade de expressão”.

O Colégio afirma que todos os esclarecimentos a respeito desse assunto já foram prestados aos alunos, antes do momento diário de oração. E reitera que está de portas abertas para a todos os pais e ex-alunos “para maiores explicações que entendam ser necessárias”.

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